quarta-feira, 29 de abril de 2009

PIZZA DE MAMÃO

Ah sim, quase todos os meus artistas favoritos tem os piores registros em vídeo. Não existia essa onda de fazer show pro DVD, acústico, ao vivo, etc. O fator “qualidade” da imagem era muito relativo e, pensando bem, era o que menos contava. Quando não estava tremida, a imagem estava fora de foco. A base de minha educação videoclíptica são os caseiros, amadores, piratas (Ainda existem vídeos piratas?), todos de qualidade duvidosa a captar a essência das apresentações.

Isto não é um elogio ao tosco. Bandas sensacionais já fizeram vídeos incríveis e superproduzidos. Mas existe alguma coisa mágica nos primeiros shows. Alguma coisa parecida com o surgimento dos primeiros seres terrestres. Restos “não-oficiais” de segundos antes do Big Bang.

No início, havia o feedback...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

GRIPE SUÍNA, QUE PORCARIA É ESSA?


Tudo o que você gostaria de saber sobre a nova doença do momento mas não teve a quem perguntar e logo a quem você perguntou também não soube responder.

1 – Tutu à Mineira transmite Gripe Suína?

Este vírus é a versão nova do vírus H1BZTNX0PTO. Normalmente não infectam humanos. Mas, vai saber, todo cuidado é porco.

2- Devo proibir meus filhos de assistirem ao Gaguinho?

Sim. Proíba também Gasparetto, tributo a bossa nova e anabolizantes. Na dúvida, ferva tudo a 70 graus Celsius que mata até a sétima geração do vírus.

3 – A torcida do Palmeiras pode ser exterminada da face da terra?

O mano, cê tá me tirano? Jesus chorô, mano! Taloko.

4 – Kassler pega?

Não. Mas Apfellstrudel pega benzão.

5 – E na Lingüiça? Pega também?

Pega.

6 – Comer Lombinho, pega?

É preciso instinto, raciocínio rápido, jogo de cintura e falta do que fazer.

7 – Ao menor sinal dos primeiros sintomas, devo procurar um médico ou uma pocilga?

Ligue imediatamente para o Porcão Rio´s.

8 – Não há motivo para Pânico? E para o CQC?

Não sei.

9 – Gripe Suína é quando a porca torce o rabo?

Eu sabia, mas esqueci.

10 – A banha vai ficar mais cara?

Por enquanto é só, p-p-pessoal! Atchoinc!

sábado, 25 de abril de 2009

MUSEU DE ARTE RUIM

Minhas contribuições:


O Terceiro Olho de Brad Pitt
Brad Pitt´s Third Eye


Mulher na Chuva
Woman in the Rain


Cut Cobain


MAIS AQUI

quinta-feira, 23 de abril de 2009

OGUNHÊ!

Ogum é o desbravador, o assiuaju, aquele que vai à frente dos outros, o que agressivamente abre o caminho para quem o segue, violento e pioneiro. Após tornar-se um temido caçador, fez-se guerreiro e soldado.

Ogum é o Orixá do ferro, patrono de todos que comumente usam instrumentos ou ferramentas feitos desse metal. Ferreiros, caçadores, guerreiros, cirurgiões, maquinistas.

Quando da criação do universo, Ogum foi um dos orixás genitores. Depois, em outras encarnações, foi sucessivamente filho de Iemanjá, Obatalá e de Odudua.

Os filhos de Ogum, com efeito são sujeitos vigorosos, saudáveis, relativamente magros. Gostam de beber. São extrovertidos, impacientes e intolerantes. São rápidos, corajosos e empreendedores.

No Rio de Janeiro é sincretizado com São Jorge.

São Jorge

segunda-feira, 20 de abril de 2009

SINÉDOQUE, RIO DE JANEIRO

Mudar de lugar na praia e seguir aprazíveis raios de sol. Ser o último a ir embora. Almoçar em um restaurante perto de casa. Ficar preocupado com uma coisa estranha que apareceu no seu corpo. Atender a mais uma ligação de alguém que quer saber onde você está. Pergunta também que horas vai ser o jogo e se vai ser transmitido.

Outro amigo que você não via há bastante tempo aparece atrás de cigarros. Lembra de um compromisso que tinha marcado para aquela noite e decide ir para um outro lugar. Você está entre pessoas que você conhece há muito tempo e pessoas que você acabou de conhecer e se sente acolhido e agitado ao mesmo tempo. Você não se reconhece nessa hora. No mesmo instante, chamam por você. Alguém irreconhecível. É o seu chefe.

Quanto tempo faz que você está aqui, pensa. Dez anos? Seis meses? Quinze dias? Um motorista de táxi conta que aquela seria a última corrida do dia. Tinha que ir para o aniversário do filho em Campo Grande. Ele reclama da distância e da violência. Tem orgulho do filho que completaria 28 anos naquela noite. É uma idade boa, a frase sai junto com a sua respiração. O motorista agora fala sobre futebol. Você pergunta se o jogo foi transmitido. Ele não sabe. Ouviu pelo rádio.

Você se lembra quando ouviu rádio pela primeira vez e do encanto das luzes do amplificador do seu pai e que depois você vendeu. Você pensa na distância ridícula que separa o seu apartamento do dele e mesmo assim você não o vê. Alguém liga pra você de novo. É sua mãe. Ela sofreu um pequeno acidente. Agora já está tudo bem. Ontem você pensou nela enquanto comia Macaxeira e dançava Macarena.

Você precisa ter idéias para o seu trabalho e começa a fazer anotações em alguns cadernos que você tem. Acha que está exagerando em anotar qualquer coisa que passe por sua cabeça, mas você pensa no filme que acabou de assistir. Enquanto volta para casa, com as ruas vazias e os bares fechados, você pensa em escrever e que nada pode estar antes disso.

Abre a janela e percebe que o vento da noite é agradável. Você já molhou as plantas? Você tem vontade de escrever sobre o filme. Está em frente ao computador e nenhuma ideia ocorre. A tela está em branco. Você lembra dos atores do filme. Lembra que sentiu um pouco de tédio durante a projeção ao mesmo tempo que não conseguia desgrudar da tela e que personagem miserável aquele. O diretor do filme, Charlie Kaufman, tem 51 anos, é um gênio. Você não sabe o que fazer. Você tem uma boa ideia e escreve.

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domingo, 19 de abril de 2009

A LENDA DA PIROGA DE CRISTAL



O Xavante Índio Bravo
Com um enorme pirogão
Raptou a índia filha
Do Cacique Gavião
Seu marido Cão do Norte
Aliou-se ao Pajé
Procurando vingar com a morte
A desonra da mulher
“Destruam a piroga dele!
Taquem fogo na piroga dele!
Pulverizem a piroga dele!
Acabem com a piroga dele!”

Mas, Jaci ouviu
Jaci ouviu as preces do casal
E transformou a piroga do Xavante
Em uma bela piroga de cristal

Como era grande a piroga dele
Descendo o rio, correndo pro mar

sexta-feira, 17 de abril de 2009

GOOGLE TRANSLATE

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La película “Amore e Rabia” que Il facchio bene a tutti bonna gente. Es uma cinta di qualitá quase como pintcharlo uma bella ragazza.

iInspirata por los evangelos cinco diretore convidatto a parlare de lá realitá contemporânea de mil noceciento e sessenta e nueve. Carlo Lizzani, Bernardo Bertolucci, Pier Paolo Pasolini, Jean Luc-Godard e Marco Bellochio, Il diretore de “Diavolo in Corpo”.

Tutti historia inspirata em los evangello Il filme, a primo, ma ia se chamar “Evangelho 70” a referência de “Bocaccio 70” mai os produttore disitiro e Il me passou a se chamar “Amor e Raiva” com la prima idéia basear as histórias com alguma passagem do evangelhou de alguma parábola.

O primeiro curta é de Carlo Lozzani e se chama “A Indiferença”. Uma obra prima sobre o senso de responsabilidade de lá societtá inspirata pela parábola do Bom Samaritano.

O segundo, de Bertolucci é uma performance do grupo teatral de vanguarda Living Theater chamado “Agonia” sobre as últimas horas de um homem. Signor Bertolucci hay filmato com lo grupo teatralo Living Theater

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Livng Theater

“A Sequência da Flor de Papel” de Pasolini é o mais lúdico de todos ao mesmo tempo o mais sinistri. Imagens de guerra, Che, Bombardeios, horrores nazistas e outros horrores da guerra sobrepostas ao caminhar despreocupato de uno jovem pelas ruas de Roma.

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Pasolini

Jean Luc-Godard, o poeta des images realiza mais um filme revolucionário no sentido mais revolucionário de sua época. Godard é o filho do demônio. O nome do curta é “Amor”.

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Godard

Movie-Tout va Bien de Jean-Luc Godard

Godard

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Godard

“Discutamos, Discutamos” de Marco "Diavolo in Corpo" Bellochio é uma divertida comédia sobre marxismo. Uma aula em uma faculdade é invadida por um grupo de manifestantes e inicia um amplo debate sobre a guerra do Vietnã. Os alunos interpretam a si mesmos, as vezes lendo suas falar, mas com uma disposição, verdade e voracidade que discutem seus princípios.

Este DVD “Amor e Raiva” é um filme em episódios realizado por cinco grandes cineastas em 1969

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quarta-feira, 15 de abril de 2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

10 SUGESTÕES DE NOMES ALTERNATIVOS PARA O NOVO DISCO DO CAETANO



10 - Zoe e Zoé
9 - Zé da Silva e Silva do Zé
8 - Ziraldo e Zeca Mendigo
7 - Zezé e Zazá
6 - Zureta e Zoado
5 - Zonzo no Zôo
4- Zás Trás na Zaga
3 - Zwinglio e Zabumba
2 - Zum de besouro e Ziguezague
1 - Zorro e Zuenir

CONVERSA NOTURNA COM MARTHA ARGERICH

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“Acabei de assistir o BIG BROTHER, com aquelas pessoas que adoram ser filmadas, não é o meu caso.” A frase pode soar até um pouco paradoxal dita pela pianista Martha Argerich que teve quase toda carreira registrada por câmeras do mundo todo.

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Alternando depoimentos e apresentações históricas e brilhantes, este filme de George Gachot nos apresenta Martha Argerich em uma conversa franca sobre seu trabalho. Considerada uma das maiores pianistas de nosso tempo, desde criança ela se destacou por suas performances vigorosas e apaixonadas das obras de Bach, Chopin, Ravel e Schumann.

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Mesmo que você não goste de música clássica ou não faça a menor idéia do que seja uma “mazurka”, ver e ouvir Martha Argerich é romper uma daquelas barreiras consideradas intransponíveis. A pianista transborda carisma em um mundo onde, aparentemente, o que conta é a técnica e a sisudez.

Segue uma apresentação da artista aos 17 anos:

 

domingo, 12 de abril de 2009

QUERO SER ADRIANO

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“Na bola, no samba, na sola, no salto, lá vem o Brasil descendo a ladeira.”  (Pepeu Gomes/Moraes Moreira)

Perdi o interesse por futebol desde a copa de 82. Não consigo entender mais as torcidas. Sejam elas organizadas ou não. Não consigo entender os fogos, os gritos, as mesas redondas, a angústia e o martírio dos “clássicos” de domingo. Acredito até que os próprios jogadores não conseguem mais entender o futebol, por isso, quando ninguém poderia esperar tal coisa, eles preferem abrir mão de suas carreiras.

Começar de novo. Buscar uma vida mais simples, humilde, singela, longe dos holofotes da mídia, das tragédias de beira de campo e das ofertas milionárias. Deixar para trás reinos, impérios, nações que no fundo, não devem valer tanto assim. O sistema funciona de maneira cíclica mesmo. Não é difícil sacar isso. Dizia Nelson Rodrigues que a molecagem é um traço decisivo do caráter brasileiro.

“As pessoas gostam de pensar que fama e riqueza se traduzem em poder, que isso traz glória, honra e felicidade. Talvez traga, mas às vezes não.” Palavras de John Lennon para a Rolling Stone em 1971, logo após ter deixado os Beatles e gravado o primeiro disco solo. Ele continua: “Se eu tivesse as habilidades para ser alguém diferente do que eu sou agora, eu seria. Não é divertido ser um artista. Todo aquele negócio de escrever é uma tortura. Uma das grandes coisas pra mim é ser um pescador. Sei que isso parece tolo – e logo eu seria rico ao invés de pobre – mas eu queria que a dor fosse só ignorância ou felicidade.”

Gol de quem?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

BREVES BIOGRAFIAS – III

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CHET BAKER

Deve existir, no mundo do jazz, "trompete e vocal" mais suaves que os de Chet Baker (1929-1988), mas acho difícil. Leio sua autobiografia “Memórias Perdidas” e como sua música, nada muito convencional. Lembranças, anotações esparsas, idas e vindas sobre a infância e adolescência felizes até os momentos mais atribulados quando tornou-se viciado em heroína. Momentos de pura beleza tocando com Charlie Parker ou ao lado das inúmeras namoradas e o fundo do poço durante as noites na prisão por posse de drogas. Até hoje ninguém sabe ao certo se foi suicídio ou se Chet estaria sob efeito de mais uma dose ao cair do segundo andar de um hotel em Amsterdã.

 

segunda-feira, 6 de abril de 2009

EM CARTAZ

Cinco filmes fantásticos e seus cartazes maravilhosos:

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Michael Haneke dirigiu “Funny Games” (aqui “Violência Gratuita”) em 1997, dez anos depois refilmou tudo do mesmo jeito mas com atores diferentes. Toda a crueldade da história do casal e seu filho pequeno surpreendidos por dois vizinhos perversos durante as férias na beira de um lago, está belamente impressa nesta foto da atriz Naomi Watts. O cartaz é da versão de 2007.

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“Chelsea Girls” de Andy Warhol. O filme é de 1966 e foi quase inteiramente filmado no que se pode chamar de centro da boemia novaiorquina da época, o Chelsea Hotel. Como todo trabalho de Andy Warhol o caráter experimental estava na projeção que mostrava simultaneamente cenas em quartos diferentes. Lembro de uma única exibição aqui no MAM e fui um dos poucos que ficou para ver a cantora Nico chorando na sequência final. Esse cartaz também já foi capa do disco “The Splendour of Fear” da banda Felt.

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“Uma Noite Alucinante 2 – Mortos ao Amanhecer” de 1987, é quase uma refilmagem de “Evil Dead” (aqui “A Morte do Demônio”). Mas, ao contrário do primeiro, neste aqui o diretor Sam Raimi privilegia o humor. A premissa do casal e mais alguns amigos em uma cabana isolada nas montanhas que depois de encontrarem por lá o Livro dos Mortos, ressuscitam sem querer vários demônios selvagens ocasionando uma série de banhos de sangue, decapitações e histeria é o que torna este filme em  um clássico do “terrir”.

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As estripulias de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, estão muito bem representadas neste filme de 1969 dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, adaptação do livro de Mário de Andrade publicado em 1928. Sem tempo para uma análise mais profunda desses dois pilares da cultura brasileira, deixo vocês com as palavras do diretor sobre Macunaíma e antropofagia: “Todo consumo é redutível, em última análise, ao canibalismo. As relações de trabalho, como as relações entre as pessoas, as relações sociais, políticas e econômicas são ainda basicamente antropofágicas. Quem pode come o outro, por interposto produto ou diretamente, como nas relações sexuais. A antropofagia se institucionaliza e se disfarça. A esquerda, enquanto é devorada pela direita, treina e se purifica pela autofagia, canibalismo dos fracos. A igreja celebra a comunhão pela deglutição do Cristo, os bons são comidas voluntárias, tudo, no coração como nos dentes, é ceia. Mais numerosamente, o Brasil, enquanto isso, devora os brasileiros. Macunaíma é a estória de um brasileiro que foi comido pelo Brasil.”

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“Você gosta de Jean Luc Godard? (se não, está por fora), dizia Glauber Rocha, e continua: “Em Pierrot Le Fou” (aqui “O Demônio das Onze Horas”) de 1965 o cinema deixa de ser romance para ser poesia, a câmera não é narradora dos fatos, mas instrumento de criação. Em Godard, como na vida, as causas estão ligadas aos conflitos. Os personagens conversam, falam sobre a vida, seus amores, sonhos, frustrações e cometem erros com a franqueza de quem fala na vida real.”

domingo, 5 de abril de 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

OS ANÉIS DE SATURNO

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Leio “Os Anéis de Saturno” de W.G. Sebald (1944-2001) e tenho a estranha sensação de que até agora está tudo bem. Mesmo diante de uma narrativa onde a ênfase está na profusão de imagens de cidades arruinadas por inúmeras guerras, famílias inteiras destruídas, paisagens exuberantes e despovoadas.

A fluência e a tranqüilidade dos relatos das caminhadas do autor na costa leste da Inglaterra entremeadas por fotografias, sonhos, lembranças, pinturas, objetos e correspondências impressiona sem escandalizar. Se Joyce falava da necessidade de se acordar do pesadelo da história, quem programou o despertador foi Sebald.

Dizia Paulo Francis que se você lê os grandes mestres sabe que eles estão falando para você. Logo, numa dessas transmigrações de universos, imagino o que escreveria Sebald durante o rescaldo de uma operação da polícia na Ladeira dos Tabajaras ou em qualquer favela.

O percurso de Sebald é inclassificável. Romance? Diário? Ensaio? Delírio? Ou tudo junto e misturado? A pesca do arenque, a Guerra do Ópio, extinção de florestas, escombros e cinzas. A realidade caótica de um mundo que está desaparecendo.

“Os Anéis de Saturno” é um livro que também desperta a viagem da própria leitura. Em um dos capítulos, Sebald menciona o conto “Tlon, Uqbar, Orbis Tertius” de Jorge Luis Borges sobre as nossas tentativas de inventar mundos para se chegar, através do irreal, a uma nova realidade.

Depois de reler o conto de Borges, pensei em Paulo Francis mais uma vez em um de seus artigos para o Pasquim quando ele dizia que “A realidade é transformável. Mesmo que não seja.”

Uma nota rapidinha: Na revista “Piauí” desse mês tem uma história em quadrinhos do Crumb (ÊÊÊ!!) sobre o “Fashion Week” de Nova York, mas poderia ser aqui ou em São Paulo. Achei que a globalização já estivesse fora de moda mas foi mero engano.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

SINOPSE DO RESUMO DA NOVELA

Yvone insiste que a Rainha Elizabeth II dê um calmante para Obama. Castanho ameaça fazer um protesto na Ponte Rio-Niterói contra o fim do vestibular. Raj confessa para Fran seu amor por Pri. Tarso confessa para o Profeta Gentileza que é Ministro da Justiça. Bahuan confessa para Max seu amor por Dilma. Duda esconde de Chiara o telefone de Pitanguy. Maya surpreende ao revelar para Protógenes que escalou Kaká.

A seguir, cenas dos próximos capítulos:

 

AO VIVO DO G-20

quarta-feira, 1 de abril de 2009

PAISAGEM ÚTIL

“Meu caro, você não precisa de óculos. É só melhorar a iluminação de casa que você vai ler bem.” Confesso que depois de aguardar uma hora pela consulta, minha expectativa era ouvir o contrário. “Obrigado, Doutor. Já estava até escolhendo a armação”, pensei.

O oftalmologista continuou: “Você já está entrando na idade dos óculos para leitura, mas é melhor esperar mais um pouco.” Argumentei que eu passo a maior parte do dia lendo, escrevendo ou na frente do computador, ou na frente da TV e que no sábado à noite tropecei, tudo bem que estava bêbado, eram quatro da manhã e não vi a calçada, mas... “Daqui a seis meses você volta.” O médico me interrompeu, olhou de soslaio, levantou, abriu a porta e saiu. A secretária pediu desculpas pela demora no atendimento.

Saí do consultório um pouco abestalhado, mas de olhos rútilos. Para exercitar minha visão de longo alcance, entrei na livraria mais próxima. Vislumbrar uma estante cheia de livros me encanta e acalma. Ainda mais naquele momento em que me sentia praticamente com olhar de raio-x. Comecei a examinar e tudo saltava aos olhos. Até mesmo os que nunca li e nem sei se um dia vou chegar a ler: Cees Noteboom, Somerset Maugham, Ford Maddox Ford, Junichiro Tanizaki, Pepetela e outros de nomes tão ou mais complicados.

Tendo em vista a quantidade de edições caprichadas e luxuosas, dessas que despertam no leitor a vontade quase irresistível de levar tudo que estiver ao alcance das mãos, optei por não abusar do olho grande. Se tem uma coisa que aprendi todos esses anos em sebos, livrarias e bibliotecas é que não se deve julgar um livro pela capa. Procurei exercitar o olhar neutro, deixei para trás todos aqueles exemplares admiráveis e saí de lá sem nada. Não podia pagar à vista.

Pegar um livro, abrir uma página, ler uma frase. Outro livro, ler um parágrafo. Mais um livro, agora um poema...Dizia Enrique Vila-Matas que dizia Walter Benjamin que em nosso tempo a única obra realmente dotada de sentido deveria ser uma colagem de citações, fragmentos, ecos de outras obras. Eu aceito essa colagem, acrescentando aqui e ali frases e idéias relativamente próprias.

Na volta para casa, “olhos abertos em vento”, contemplando as nuvens baixas e o arco que faz a praia de Copacabana procurei um sentido nas coisas a partir das leituras daquela tarde. Nenhum pássaro cantarolava sobre o espaço sobre o mar...