segunda-feira, 9 de março de 2009

RE-PASSANDO KRAFTWERK



“Emoção é uma palavra estranha. Existe uma emoção fria e uma outra emoção, ambas igualmente válidas. Não é a emoção do corpo, é emoção mental. Em nossas apresentações, canalizamos toda a nossa concentração para a música. Estamos muito interessados na origem da música, na fonte dela. O som puro é uma coisa que gostaríamos muito de alcançar”.

Trecho da entrevista de Florian Schneider, fundador da banda alemã Kraftwerk, para Lester Bangs, Revista Creem, 1975.

O pessoal do Kraftwerk poderia tranquilamente estar incluído na série anterior “Orixás, Santos e Demônios” pela discografia mitológica e também porque eles devem “baixar” aqui no Rio dia 20 lá na Apoteose, junto com os estimados Los Hermanos e Radiohead.



Mesmo sendo esta a terceira vinda dos alemão, a expectativa é de uma performance intensa e surpreendente. A primeira vez, no MAM, foi demais. Ficou bem claro em minha mente suja que alguma coisa verdadeiramente autêntica ocorreu ali.

Kraftwerk significa “Usina de Força” e a sensação no show era a de estar dentro do reator da usina processando propaganda ecológica, elogio à prática de esportes, imagens de trens, aviões, navios, carros, bicicletas, antigas propagandas de eletrodomésticos, desfiles de moda, tudo em sincronia perfeita com as canções.

Agora, surge a lembrança do futurista Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, e sua “Ode Triunfal”:

“À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto.
(...)
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
(...)
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro.
(...)
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
(...)
Içam-me em todos os cais.
Giro dentro das hélices de todos os navios.
Eia! Eia-hô! Eia!
Eia! Sou o calor mecânico e a eletricidade!”

WE ARE THE ROBOTS



Vai ser da pesada.

Um comentário:

Artur Miró disse...

"Ficou bem claro em minha mente suja que alguma coisa verdadeiramente autêntica ocorreu ali".

Disse tudo, mestre.

Abraços.