sexta-feira, 6 de março de 2009

ORIXÁS, SANTOS E DEMÔNIOS – II

O Rio de Janeiro sempre foi um importante centro de candomblé, apesar de sua identificação com o pólo “degenerado” dos cultos afro-brasileiros. Na literatura especializada, é a pátria da macumba, menos pura, menos tradicional, culto sincrético que deu origem à umbanda.

As primeiras informações sobre os cultos de origem africana no Rio de Janeiro estão reunidas no livro intitulado “As Religiões no Rio” (1904) de João Paulo Alberto Coelho Barreto, mais conhecido como João do Rio. Atraído pelo contraste entre a agitação da vida moderna e a sobrevivência de uma centena de cultos e religiões em oposição às crenças positivistas do início do século XX.

Naquela época, o Bairro da Saúde e a Praça Onze, no centro da cidade, concentravam um grande número de pessoas de origem africana. A “pequena África” como era conhecida a área, compreendia a Senador Eusébio, a Visconde de Itaúna e o Canal do Mangue. Toda essa área foi destruída com a construção da Avenida Presidente Vargas.

Com o aumento dos aluguéis no centro, os africanos e seus descendentes tiveram que se deslocar para o subúrbio, seguindo a linha do trem. Assim, foram formadas as primeiras casas de candomblé nas periferias do Rio.

Assim como João do Rio, outro escritor que atuou quase como um escavador da fisionomia do Rio de Janeiro foi Lima Barreto. No livro de contos “Histórias e Sonhos” ele mistura literatura, documentário, saber popular e sociologia das religiões:
“Inhaúma é ainda dos poucos lugares da cidade que conserva o seu primitivo nome caboclo, zombando dos esforços dos nossos dias para apagá-lo.
É um subúrbio de gente pobre, e o bonde que lá leva, atravessa umas ruas de largura desigual, que não se sabe, por que, ora são muito estreitas, ora muito largas, bordadas de casas e casitas. Fogem para lá, sobretudo para seus morros e escuros arredores, aqueles que ainda querem cultivar a Divindade como seus avós. (...) É o lugar das macumbas, das práticas de feitiçaria com que a teologia da polícia implica, pois não pode admitir nas nossas almas depósitos de crenças ancestrais.”

In Memorian, Barrosinho:

2 comentários:

Anônimo disse...

o blog tá uma uva.

Mari disse...

Sai pra lá "travesti de terreiro"
beijinhos da Flora!!

Fui ver Milk ontem!
O que é o Sean Penn??
Não deixa de ver! É lindo, lindo, lindo! E eu adoro o Gus Van Sant!
baci!!